Como resposta às acusações do prefeito Alair Corrêa em um blog governista, comentadas pelo nosso Blog ontem (clique aqui e saiba mais), o médico Marcelo Paes enviou o artigo abaixo.
“O tambor faz muito barulho, mas é oco por dentro”
Esta máxima é do jornalista Aparício Torelly, mais conhecido
como o Barão de Itararé. A entrevista do Prefeito sobre mim é tão sem conteúdo,
que não se sustenta por si mesma, basta para isso acompanharmos um raciocínio
lógico.
Ao fim do raciocínio lógico, ficará claro que a situação
parece com a de uma criança de uns 4 anos de idade que vai à praça com a sua
mãe e um cachorrinho puxado pela coleira. Em determinado momento, o cachorrinho
faz cocô no chão ensolarado da praça.A mãe, ao invés de recolher o cocô,
deixa-o ali, e vai com seu filho e o cãozinho para o outro lado da praça.
Uma hora depois, o menino pede um picolé. A carrocinha está
próxima do local onde o seu cachorrinho fizera o cocô.Já esquecida disso, ela
vai com o seu filho até o sorveteiro, compra um picolé, e fica por ali mesmo,
sentando-se em um banco próximo do local onde o cachorrinho se aliviara.Como o
cocô já está seco, não há cheiro, e ela, então, não se dá conta.
Ocorre que seu filho de 4 aninhos, ao acabar o picolé,
agacha-se junto ao cocô, e com o palitinho do mesmo nas mãos, começa a
futucá-lo como se fosse uma massinha. Ao sentir o cheiro forte da necessidade
canina, a mãe pega o seu filho e começa a esbravejar aos quatro cantos da
praça, atacando a quem teria deixado o cachorro fazer cocô naquele local, sem
se lembrar, evidentemente, que fora ela mesma a responsável por aquele cocô que,
neste momento, lhe incomoda o nariz. É por isso, inclusive, que diz o ditado
popular, “não se mexe em merda seca”.
A entrevista do Prefeito lembra-me esta parábola, e ele, no
caso, incorporaria, ao mesmo tempo, os três personagens principais desta trama:
a mãe, o filho e o cachorrinho. Neste sentido, esta parábola serviria como uma
extensão da obra Zadig, do filósofo iluminista Voltaire, escrita em 1747. Obra
que, inclusive, indicaria ao prefeito que lesse.
Pois bem, o Prefeito mostra, em sua entrevista, um
desconhecimento profundo do que é um consórcio de saúde, uma vez que por vezes
trata do assunto como se ele fosse uma OS. Ora, as diferenças entre estas
ferramentas são gritantes, sendo a maior delas o fato do Consórcio ser um órgão
cujo CNPJ é de natureza jurídica PÚBLICA, e a OS é uma empresa PRIVADA.
Só esta diferença fala por si, afinal, se é um órgão público,
a sua gestão se dá, por força de Lei, com todas as prerrogativas de qualquer
ente público, quais sejam, fiscalização do TCE, exigência de licitação,
interferência do MP, e etc. Mas o
prefeito parece desconhecer isto.
Como também desconhece que é ele, o próprio Prefeito, quem
dirige o consórcio através do Conselho de Administração, cuja presidência,
inclusive, é eleita entre eles, garantindo-se um rodízio das cidades.
Por outro lado, todo o detalhamento técnico das ações do
Consórcio é planejada pelo Conselho Técnico do órgão, composto pelos
Secretários de Saúde, que à época, inclusive, salvo engano, era presidido pelo
Secretário de Saúde de Cabo Frio.
Portanto, mostrando ainda mais o seu desconhecimento, o
Prefeito me chama de Presidente do Consórcio, coisa que eu jamais poderia ser,
mas ele sim, pois é Prefeito.
Indo além, eu era o Secretário Executivo, como tal,
portanto, era apenas um funcionário do Consórcio que deveria garantir a
execução de tudo o que for definido como plano estratégico pelo Conselho
Técnico, mediante, e exclusivamente, após ser aprovado pelo Conselho de
Prefeitos.
Ou seja, toda decisão do Consórcio é COLEGIADA. Não cabendo
ao Secretário Executivo nada além de garantir a execução das tarefas.
Assim, a entrevista do Prefeito lembra a situação do
empregado de uma fábrica que diz ao seu patrão que só trabalhará para elese o
mesmo lhe der todo o lucro da empresa “por baixo dos panos”, e o patrão, dono
da fábrica, ao invés de demitir o empresário, fica sem saber o que fazer e simplesmente
abandona a fábrica correndo, perdendo tudo o que construíra para um simples
empregado a quem deveria, até por OBRIGAÇÃO MORAL, demitir.
Finalmente, trazendo para a realidade, se verdade fosse o
que se diz na entrevista, o que ele deveria ter feito era comunicar
imediatamente à polícia. Afinal, ele é o gestor do Consórcio, e estaria diante
de um caso em que o empregado lhe propõe um suborno. Nestes casos, a simples
oferta do suborno já é crime, e por outro lado, deveria ter comunicado aos
outros prefeitos e demitido aquele que lhe propusera o “esquema”.
Neste sentido, a sorte do Prefeito é que tudo o que ele
falou é MENTIRA, e assim ele não está incorrendo no crime de prevaricação.
Pois, se verdade fosse, ele, de forma absolutamente inacreditável, estaria, com
a entrevista, dizendo à população: - Prevariquei!
O certo é que ainda hoje as estruturas da saúde servem aos
interesses políticos do Prefeito, fazendo nomeações de pessoas do círculo
social dos seus subordinados apenas para mostrarem prestígio e poder sobre a
sociedade. Nomeações recentes, e já no meio da crise administrativa.
Além disso salta aos olhos o valor, 150 milhões. Ora
Prefeito, 150 milhões... o senhor sabe qual é o orçamento da saúde? Será que
seria possível se desviar 150 milhões? Sinceramente, o senhor chutou este
número porquê? Ele é estratosférico, irreal, e inatingível em qualquer hipótese.
O chute ficou até feio, parece com aquele penalty batido pelo jogador italiano
Roberto Baggio, que nos deu o título de campeões mundiais de futebol em 1994.
Cito este episódio porque imagino que o prefeito entenda de futebol.
Finalizando, como disse, parece aquela criança com o seu
indefectível palito de picolé mexendo onde não deveria. O certo é que o
prefeito pode ter lá suas diferenças pessoais comigo e com qualquer outra
pessoa, mas não tem o direito de tentar emporcalhar uma ferramenta de gestão
pública construída com muito esforço em 2009 por todos os prefeitos de então.
Poderia, ainda, discorrer sobre uma outra máxima, a de que o
porco, por chafurdar na lama, acha que todos os outros animais gostam de lama.
Porém, já devo ter cansado demais o leitor para seguir falando do porco.
* Médico e Diretor da Hemolagos
2 comentários:
A mamata está acabando, esse governo não faz e nunca fizeram nenhuma grande obra, muito menos manutenção, na periferia da cidade, o jogo de mentiras e muito roubo tem que acabar, o povo esta com o slogan na boca: O PIOR PREFEITO DO BRASIL!
Cuidado Doutor, lidar com essa quadrilha não é fácil, todo cuidado é pouco, já foi vereador no Segundo Distrito e por ai vai.
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