O setor governista favorável ao empreendimento nas Dunas do
Peró e comprometido com o empresariado aliado do grupo construtor tenta, de
todas as formas, politizar negativamente o movimento de oposição ao projeto,
guetificando-o, localizando-o como restrito a apenas um grupo político, cujos
interesses seriam muito mais eleitorais (eleitoreiros) do que sociais.
Argumentam que há incoerência política na militância e que a população é a
favor do que se deseja fazer na APA, por trazer empregos.
A questão é muito mais complexa do que essa análise mal
intencionada e rasteira que se tenta fazer.
Em primeiro lugar, é preciso
afirmar que não há incoerência política na crítica ao empreendimento: seja no
atual governo ou em governos passados, o movimento compreende que o poder
público errou ao permitir a degradação de área ambiental tão importante em
troca do empreendimento. Não há diferenças de culpabilidade – todos foram e são
culpados, seja por iniciar esse processo, seja por mantê-lo.
Em segundo lugar, a questão do apoio popular é bastante
relativa. Uma coisa é o povo gostar do empreendimento por ele possibilitar a
oferta de empregos. Outra coisa, é saber se realmente ele vai oferecer empregos
– primeiro, porque a tendência da mão de obra do pseudo-resort é demandar uma
qualificação ainda não existente de forma maciça na região. Ou seja: se a obra
nas Dunas do Peró realmente der empregos, boa parte deles não será para os
cabofrienses.
O possível apoio da população ao Club Med se deve às
vantagens que ele diz trazer, como a empregabilidade local. Como 86% do projeto
se baseia em loteamentos para especulação imobiliária, e não em um resort, dá
para dizer que o apoio popular à vinda do Club Med é aceitável, mas isso não
tem nada a ver com as Dunas do Peró – afinal, o que há ali é muito mais um loteamento para
vendas de alto padrão. O povo apoia 14% do empreendimento, logo, desconhece ou
renega a grande parte. Aparentemente, o projeto sobre as Dunas do Peró
constitui um Club Med fantasma ou residual, que, na verdade, mascara e esconde
a verdadeira intenção de lotear a área a beira-mar, em busca de um lucro
pautado na histórica especulação imobiliária do local. É como aquelas Medidas Provisórias que falam de flores, mas, na verdade, trazem alíneas de artigos que aumentam tarifas.
Assim, há quem seja contra as obras só por esse motivo, mas
que até as defenderiam se elas fosse claras com suas compensações ambientais e se
não mascarassem uma especulação tão ofensiva. Outros ainda são contra as obras,
mesmo que fossem para um resort apenas, sem loteamentos, pelo fato evidente de
que haveria degradação em área de APA, sem compensações ambientais suficientes.
E ainda há um terceiro grupo que, mesmo com compensações ambientais legais, é
contra o empreendimento, seja ele em prol de um resort ou dos especuláveis
loteamentos.
Dessa forma, o movimento contra a construção no Peró agrega
diferentes posicionamentos, de diferentes pessoas, de diferentes grupos
políticos – e até de quem não quer estar em grupo político algum. É o movimento
que reúne pessoas que, por motivos diversos, querem preservar a biodiversidade
do município. Simples assim. E complexo assim, ao mesmo tempo. Claro que, para
algumas cabeças, é difícil aceitar ser real uma articulação assim acima de
partidos e grupos, em prol da cidade, até porque a realidade dessas mentes é a
contrária – favorável à segmentação grupal na busca das fatias mais gordas pelo
loteamento do poder.
Mas vamos seguindo assim. Porque não é preciso se dar ao
trabalho de fazer compreender quem não deseja aceitar.
Bom dia!
3 comentários:
Caro Rafael, primeiramente gostaria de parabeniza-lo pelo seu blog e deixar claro que não tenho nenhum tipo de envolvimento político na cidade e muito menos me considerar como o dono da verdade. Sou inteiramente a favor do empreendimento os motivos irei relatar a seguir, sou morador da região e acredito ser extremamente oportunista a a ação de algumas pessoas que se dizem "ambientalistas" e só se pronunciarem agora contra a degradação das Dunas, pois ela sempre aconteceu, varias vezes enquanto frequentava a praia presenciei a presença de carros, eventos de motocross que colocavam em risco os banhistas e degradavam igualmente sua fauna e flora e ninguém aparecia para defendê-las desse abuso, caso tenha interesse posso enviar a você diversos vídeos postados no youtube, também não havia coleta de lixo o que proporcionava um aumento constante de roedores e urubus, sem contar que esse espaço era utilizado por meliantes para assaltos e "desova" de cadáveres e mais uma vez ninguém apareceu por aqui para defender nada, vários incêndios (só eu presenciei mais de 15), o único tipo de "comércio" era a extração ilegal de água ( Será que isso também não degrada ao meio ambiente), diversas pessoas passavam em minha casa quase que diariamente me oferecendo toda a espécie de plantas retiradas da pseudo reserva, turistas faziam churrasco por toda a praia inclusive queimando inteiramente uma frondosa árvore, por diversas vezes parei meu carro para tentar impedir que pequenos meliantes continuassem a atirar com suas espingardas de chumbinho nos micos e todas as espécies de animais que aqui viviam pelo único prazer de destruir a vida e mais uma vez ninguém apareceu para salvar nada, por todos esses motivos e muito mais me levaram a achar que esse empreendimento irá degradar muito menos a natureza do que ela estava sendo degradada nesses anos em que ninguém se mobilizou para defendê-la. Agradeço a você a oportunidade de escrever nesse espaço democrático e também o incentivo a denunciar todos os desmandos autoritários ocorridos em nossa cidade.
Prof Rafael, boa noite.
Eu me enquadro em uma dessas posições:
1º) Não faço parte de NENHUM grupo político, mesmo tendo trabalhado na gestão MM - de 2005 à 25/10/2011.Estava ali para fazer 1 trabalho administrativo e o executei o melhor possível.
2º) Estive certa vez na Confeitaria Branca e, ouvi o empreendedor Ricardo Amaral, falando sobre o Club Med e, em nenhum momento o mesmo discorreu sobre terrenos para Loteamento, ou seja: ele escondeu este fato? Em sua fala, sempre disse que às exigências eram sempre cumpridas;
3º) Ao entrar no site do Club Med, já não constava + ali, qualquer coisa com respeito ao Peró;
4º) No tocante à empregabilidade da mão de obra na construção, sabíamos de antemão, que havia1 compromisso de absorver o máximo possível dos trabalhadores de Cabo Frio e especialmente do Peró;
5º) No Club Med, se sabia com clareza, de que teríamos dificuldades, para que à mão de obra qualificada, fosse em sua maioria local. Como pode 1 garçon ter uma formação de 3 meses? Eu tive o privilégio de fazer o Curso no Senac/RJ (1975) e, o mesmo foi de 10 meses - tendo inclusive reprovação. Tanto é que em 1976, passei na prova do Rio Othon Palace (Copacabana) e depois fui trabalhar no Iate Clube do Rio de Janeiro - na Urca;
6º) Quando foi (ano) que criou-se à APA.Foi no Governo de Benedita da Silva? Salvo melhor juízo, à APA, também pega de João Fernandes até o Peró - incluindo Guriri, o Sítio Guriri, à Escola Municipal, o Condomínio dos Pássaros e os demais existentes.Veja esta questão de sua localização;
7º) Creio, que deveria se rever à questão do Loteamento e ater-se ao complexo hoteleiro, pois na época, foi dito que teríamos além do Club Med, + 2 hotéis de administração espanhola.
Será que omitiram detalhes + apurados ??
Filadelfo Filho
Concordo totalmente com o comentario anterior do primeiro anonimo. Dou moradira do Pero e o empreendimento fara bem p seguranca , meio ambiente, afastando a onda de criminalidade crescente na area dessas dunas, inclusive varios estupros ate de idosas. Prof é facil defender ideias sem vivenciar a realidade.
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