Nosso blog vem informar
a todos que, a partir da data de hoje, encerra suas atividades por tempo
indeterminado.
Os últimos dias têm
sido de grande pressão e reflexão. Desde segunda-feira, dia 4 de março, temos
recebido ameaças e “recados”, pessoalmente, por telefone e através das redes
sociais. O ato administrativo número 1 da Secretaria de Educação, que anula
nosso remanejamento, é apenas uma parte pequena de todo um conjunto de ações
contra minha pessoa.
Por preferir não pagar para
ver e por ter uma família, com um filho recém-nascido para cuidar, abro mão
deste canal de comunicação com a população, com muito pesar, mas tendo a
certeza de ter tomado a decisão correta, após conversar com vários amigos e
companheiros.
As ações contra minha
pessoa não irão parar. O governo tem se mostrado tão perdido em sua raiva
contra mim quanto é perdido em sua administração. No domingo (um dia
antes da confecção do Ato Administrativo no 1), o prefeito, por ser perfil
oficial, adentrou meu facebook por volta do meio-dia, pelo celular, para me
acusar de ter sido funcionário fantasma da secretaria de obras do governo
anterior. Ontem, um blogueiro governista me acusou de ter sido fantasma também,
mas na secretaria de governo da gestão passada. Me acusou, ainda, de nunca ter
entrado numa sala de aula pela rede municipal, tendo que, de maneira
constrangedora, se retratar depois. O show de competência da perseguição é o
mesmo show de eficiência da administração. Creio que em dois meses eles
conseguirão se organizar e decidir do que me acusarão, finalmente. Cabe
salientar que todos esses “fatos virtuais” encontram-se devidamente printados e
arquivados, podendo servir de prova a quem quer que seja.
Um dos principais
organizadores da caça à minha pessoa é o vereador inimigo número 1 dos
servidores de Cabo Frio, que tudo armou contra o PCCR. Hoje, a atuação mais
firme desse vereador, que gosta de trabalhar com parentes de amigos, é passar o
dia no RH da prefeitura vasculhando documentos contra mim, ao invés de pensar
projetos relevantes para a população. Na tribuna, ele preferiu gastar seu tempo
regimental para me atacar, mesmo sem citar meu nome, ao invés de discursar em
favor do povo. Ele é o retrato fiel de uma Casa Legislativa e de um Poder
Executivo omissos, submissos e afastados dos anseios da população, mas
dedicados ao seus jogos de intrigas, perseguições e eliminação de opositores.
Eu sou Rafael. Não sou
melhor do que ninguém. Não sou exemplo de nada para ninguém. Cometi e cometo
erros. Lavava vasos em escritório de advocacia quando passei para o concurso da
Câmara Municipal em 1º lugar em 2004. Trabalhei naquela Casa por 5 anos, paguei
minha faculdade com muita luta, até ser aprovado, em 2009, para os concursos
das redes municipais de Cabo Frio e de Macaé, ambos também em 1º lugar. Eu ia 3
vezes por semana ao Rio fazer minha Especialização, chegando 2h da manhã e
acordando 7h para trabalhar, gastando quase 50% do que ganhava em passagens. Eu
assumi escolas e turmas quando fui convocado do meu concurso, e desde então,
dou aulas, primeiro na E.M. Vereador Leaquin Schuindt, no Jardim Esperança, depois
na E.M. Edith Castro dos Santos, em Tamoios, e agora no Colégio Rui Barbosa.
Eu não assino ponto em
casa nem coloco parentes para receber no meu lugar. A comunidade escolar me
conhece, os alunos, professores e funcionários das escolas sabem da minha luta.
Eu viajo duas vezes por semana para Macaé, totalizando 8h de viagem semanal, incluindo
28km semanais de dura estrada de chão, para cumprir fielmente meu cargo efetivo
naquele município. Eu saí do interior do estado, sem conhecer ninguém, para
tentar a sorte num mestrado e num doutorado de uma universidade federal da
capital, e, por competência, venci. Eu passo, por vezes, 14h do meu dia dando
aulas. Eu durmo quase nada para dar conta da minha luta e sustentar minha
família. Eu nunca recebi um só tostão para defender político nenhum.
Quando um dos
blogueiros governistas me acusou de ser remunerado para tal, há cerca de um
ano, lhe respondi propondo a quebra do meu sigilo bancário para comprovar a
acusação. Recebi, como resposta dele, o silêncio dos derrotados. Eu tenho e
sempre tive uma posição clara, parcial e partidária. Eu nunca enganei ninguém.
Eu nunca me fingi independente ou militante de uma causa bonitinha para, na
verdade, compactuar com um grupo político poderoso sem me tornar rotulado e
desgastado na mídia. Eu sempre agi de acordo com minha consciência e vontade,
como faço agora, encarando o preço por não usar máscaras. Então não é qualquer
um que pode me apontar o dedo e falar de “trabalho”.
Como servidor, eu tenho
direitos. Não haverá um só direito que
queiram me tirar e que não receba uma contestação dura e firme. Esse ato de
cancelamento de remanejamento, ilegal e arbitrário, é o primeiro deles.
Vou deixar a rede
social para me dedicar à minha família, à minha carreira acadêmica, e aos tribunais, lutando para defender, em juízo, quando
necessário, os direitos que entendo possuir, diante de quem quer que seja. Saio
de cena dando alívio aos adversários e oferecendo a eles a vitória, caso assim
interpretem, em suas preocupações diárias com essa “importantíssima” disputa. Querem
a cidade só para vocês, sem opositores? Usem-na. Deixo o blog para me dedicar
aos meus e a mim. Não porque a cidade não mereça meu tempo e minha luta, mas
porque minha cidade começa na minha casa.
Muitos me chamarão de
covarde. Outros comemorarão ao lerem esta postagem. Não me importo. Lamento
apenas por deixar a população com menos uma ferramenta de resistência. Não digo
que cansei de lutar sozinho, porque tive e tenho companheiros fiéis e dedicados
ao meu lado. Deixo apenas a frente de batalha para voltar para casa e brincar
com meus filhos, porque as lutas sempre existirão, mas uma cara de criança não
dura eternamente. Não serei o último romântico de uma cidade mais justa, nem o
primeiro comandante de uma oposição desanimada. Eu só quero ir para casa.
Serei o mesmo Rafael,
com minhas críticas, opiniões e expressões, nas ruas da cidade, sempre disposto
a ouvir quem se revolta contra os desmandos e sempre pronto a apoiar quem luta
por uma Cabo Frio, de verdade, mais digna.
Um aluno perguntou-me
ontem se o correto é escolher fazer o mais urgente ou o mais importante. Sem
saber responder, escutei do mesmo que a segunda opção é a certeira. Pois bem, Paulinho:
Eu escolhi o mais importante.
Agradeço a você, aliado
ou adversário, que, por muito tempo, acordou às pressas para acessar nosso
blog, e dele, obter um pouco de raiva ou de esperança por uma cidade melhor,
contribuindo com os milhares de acessos diários por IP que esta página adquiriu
durante anos de lutas. A você, que nos segue, nos acompanha, e se informa por
aqui, nossos sinceros e emocionados agradecimentos.
Continuaremos juntos,
sempre.
Até breve.