Alfredo Gonçalves vence eleição tensa para a Câmara

No dia 01 de janeiro de 2009, quando a população ainda repousava da comemoração do novo ano que se iniciava, às 9h da manhã, começava mais um episódio do complicado biênio eleitoral cabofriense: a posse do prefeito Marquinho Mendes e a eleição da Mesa Diretora da Câmara Municipal de Cabo Frio.
Até então, corriam pelos bares da cidade e corredores governamentais que os candidatos à presidência eram Rui Machado, Silas Bento e Alfredo Gonçalves.Com a quase confirmada saída de Rui do cargo de Vereador – abrindo espaço para o histórico Acyr Rocha – sobraram Silas e Alfredo. Ao que tudo indica, os planos de Marquinho eram para Rui. Marquinho então passou a articular a eleição de Silas e, embora tenha declarado que não se envolveria com a eleição do Legislativo, teve de fazê-lo dias antes. Ao que parece, porém, quando Marquinho tentou tomar as rédeas da situação, Alfredo já tinha seu grupo formado.O segundo vereador mais votado de 2008 mostrou inteligência ao capitalizar a confiança do chamado “grupo dos novos”: Silvan, Rogério, Fabinho e Zé Ricardo. Esses quatro, junto com Marcello Corrêa e Dr. Taylor, formaram o “G7”, que conseguiram virar o jogo e eleger Alfredo presidente da Câmara. Dos novos, apenas Fernando do Comilão não aderiu ao grupo, já que possui compromissos partidários com o Governo, por ser do PSDB.
A eleição foi tensa. Depois de dar posse ao Prefeito, o Vereador Silas, que presidiu a cerimônia por ter sido o mais votado, quebrou o protocolo e adiou a eleição da Mesa para a parte da tarde, embora o regimento interno da Câmara defina que as eleições devam ser convocadas imediatamente após a posse do Prefeito.Com o protesto do plenário e dos presentes, os vereadores retiraram-se para reunião a portas fechadas, onde foi concluída a eleição de Alfredo por “unanimidade”. Na verdade, sabe-se que foram 7 votos a 5. O Vereador Dr. Taylor conclamou os presentes a permanecerem na Câmara até a eleição da Mesa, fosse ela em qualquer horário. Com os aplausos do povo e os gritos de protesto, a eleição teve mesmo de ser na manhã daquela quinta-feira nervosa.
A anuência de Dr. Taylor e Marcello Corrêa à candidatura de Alfredo Gonçalves pode mostrar o dedo de Alair Corrêa ainda na política cabofriense. Taylor, ao que se sabe, já teria passado para o lado do governo. Com isso, poderia perder o mandato, por infidelidade aos ditames partidários, já que foi eleito pelo partido de Alair. Votando em Alfredo, que é do governo, mas se opôs a Silas, candidato do prefeito, Taylor pode ter salvado a própria pele, sem ficar tão mal com o Governo. O provável voto de Marcello em Alfredo teria sido pelo mesmo motivo: é menos pior votar no candidato governista, desde que ele seja oposto ao candidato do prefeito. Agora, parece que nasce um racha na câmara: quase todos são governo; porem, há o grupo do governo e o grupo do prefeito; há o grupo de Alfredo e o grupo de Marquinho. Se o G7 se manter unido nas votações ao longo dos 4 anos, as coisas podem se complicar para Marquinho, a não ser que ele e seu grupo sejam inteligentes o suficiente para agregar alguns desses 7 votos. O fato é que, sem dúvida, a Câmara ficará mais interessante e agitada do que pensávamos, e a postura orgânica e submissa não acontecerá, como se cogitava.
Com os protestos da esposa de Silas Bento, Alfredo foi eleito, e a derrota do grupo de Marquinho ainda foi maior: Fernando do Comilão era o candidato do grupo de Marquinho para a vice-presidência, e também perdeu este cargo para Silvan, do grupo de Alfredo. Com o primeiro e segundo secretários sendo eleitos por unanimidade, respectivamente, Fabinho da saúde e Zé Ricardo, a mesa diretora ficou composta por 4 vereadores do G7 de Alfredo. O biênio 2009/2010 promete na Casa Legislativa.