MOSTRA O DIPLOMA, PAULO CÉSAR !!
Publicado no Jornal Folha dos Lagos, em 21 de setembro de 2008 e no Blog do Totonho (www.jornalmomento.blig.ig.com.br) em 20 de setembro de 2008

Já que o artigo do Professor Chicão, publicado na Folha em 09 de setembro, criou polêmica, com direito a respostas em propagandas eleitorais, debates de candidatos e publicações em jornais, vale à pena entrarmos nesse jogo para darmos também nosso já tradicional pitaco intrometidamente político.
O candidato Paulo César não teria nenhuma obrigação de provar que é formado em história. Não teria, se não tivesse usado imagens de sua formatura para promover uma propaganda eleitoral que defende seu apreço pela educação e pelo professor. Diante do já citado artigo do Professor Chicão, que acusava o candidato de não ter concluído o curso, Dr. Paulo César, para responder, veiculou mais imagens de sua formatura. Ou seja: não respondeu nada. Fez como o marido que chega em casa com batom na cueca e, ao receber da esposa um pedido de explicações, diz apenas “ué, amor, você não confia em mim?”, sem apresentar argumentos. O candidato responderia se mostrasse o diploma. Por que não o fez? É a pergunta que paira no ar. Será que precisaremos pedir a ajuda das placas eleitorais, ou ainda, a ajuda dos universitários?
Talvez a assessoria jurídica do partido do candidato Paulo César não saiba, como demonstrou em declaração publicada no Jornal Folha dos Lagos, de 18 de setembro, mas é fato que alunos podem participar de cerimônia de formatura sem terem concluído o curso. Como o regime da Universidade é de créditos, ocorre que, por vezes, o aluno completa os anos de curso com matérias pendentes. Neste caso, é permitido que participe da cerimônia de formatura que, aliás, não possui nenhum caráter oficial, posto que tal cerimônia não é necessária para a colação de grau, basta consultar a Universidade para comprovar o que digo. Dessa forma, nada tem a ver apresentar imagens de formatura com a justificativa da conclusão de um curso.
Ademais, a mera conclusão do curso também não dá autoridade para que o candidato fale “como professor”. Se eu me formo em história e vou morar em Bali para surfar eternamente, sem trabalhar, não serei professor, embora graduado. Professor, com autoridade para falar sobre educação, é aquele que enfrenta salas de aula, por vezes com baixos salários e estruturas adversas, para levar o saber à população, vivendo uma rotina pedagógica que um curso de graduação apenas não pode oferecer.
As declarações do Professor Chicão podem prejudicar a instituição UVA? Talvez. Como afirma a assessoria jurídica do partido do candidato, elas são desconexas, porque os professores não têm acesso ao banco de dados dos alunos? É um caso a pensar. Mas o mais intrigante é porque o candidato continua jurando de pé junto que não mentiu na propaganda eleitoral, e mesmo assim não mostra para ninguém seu diploma, nem sua famosa monografia?
De qualquer forma, parecem que os males que podem ser causados pelo candidato Paulo César, na hipótese dessa acusação se comprovar, são maiores. Ele exibiu imagens de uma formatura para justificar uma conclusão de curso que pode – repito, pode – não ter acontecido, e, se fez isso, mentiu e não merece crédito eleitoral algum. Mesmo que tenha concluído o curso, usou imagens de pessoas sem autorização, o que parece-nos – repito, parece-nos – ilegal, vide a doutrina jurídica sobre o direito de imagem. Com a exibição das imagens, quis vincular uma possível conclusão de Graduação a um apreço pela educação por ser professor, embora parece que nunca tenha dado aula, o que novamente, lhe daria descrédito eleitoral. Exibindo novas imagens em novo programa eleitoral, tenta provar que se formou, mas não mostra o diploma, ou seja, parece – repito novamente, parece – entender que o telespectador-eleitor é idiota.
Sabemos que você não tem obrigação de mostrar seu diploma e sua monografia, caro candidato. Mas você criou essa obrigação – não legal, mas moral – de provar a conclusão do curso, depois que exibiu as imagens na TV argumentando ser professor – o que de qualquer jeito, na prática, você só é se tiver a experiência de dar aulas – e foi desmentido no artigo do professor Chicão. Ao tentar mostrar que se formou sem provar, e afirmar na TV, em resposta, que não mente, criou outra pulga atrás das nossas orelhas, porque não provou nada concretamente. Não é interessante para a população acreditar num candidato, se ela não tem certeza que ele fala a verdade, até porque nem a declaração da Assessoria Jurídica do seu Partido e nem a declaração da UVA afirmaram com veemência que o Professor Chicão mente. Então, para acabar com a dúvida do povo, faça-nos um favor: Mostre o diploma, a monografia e as imagens das suas aulas ministradas no próximo programa eleitoral, e aí acreditaremos no que você disse: Você é professor de História. Não é um convite, nem uma acusação: É um desafio.