
Beleleco - (18%)

O Mosquito da Dengue - (25%)

Enquete encerrada


Recentemente, participando de uma das célebres aulas de História de minha excepcional Universidade, falava o Mestre sobre a tática do exército Russo quando da invasão de Napoleão Bonaparte àquele país. A tática czarista consistia em fazer o exército francês adentrar cada vez mais no frio território da Rússia, enquanto os próprios russos arrasavam suas terras, queimando e destruindo suas cidades, a fim de que os homens de Napoleão (que romântico...) não obtivessem suprimentos. Assim, atacados pelo frio e pela fome, seriam mais facilmente derrotados.
Tal relato histórico é questionável. Quem arrasava as terras? O povo, o Estado, ou o exército? Em obra de Paul Johnson, cada arrasamento de cidade tem um desses três como arrasador. Era então uma ação conjunta? Se sim, havia um Estado, um exército e um povo num só espírito de “renúncia aos bens materiais” para alcançar “o objetivo maior”: “A derrota do mal”, personificado em Napoleão. Me parece muito romântico para o espírito do povo russo... o camponês queimava a própria plantação que lhe sustentava? Para onde foi a família do Czar depois que Moscou foi arrasada por ordem dele?
Polêmicas à parte, eis que do canto esquerdo da sala (sem conotações políticas, claro) surge uma voz que clama no deserto e afirma, sarcasticamente:
- Política da Terra Arrasada? É a política de Toninho Branco em Búzios...
Enquanto eu gargalhava, o restante da sala não achou graça. Talvez seja um reflexo da dislexia que me ataca, o que poderá, decerto, me garantir uma vaga em “Duas Caras”. Independente da análise psicossomática da questão, vale à pena refletir sobre a piada de nosso bravo profeta desconhecido do canto esquerdo.
Não moro em Búzios, não sei se a política do Prefeito Toninho Vermelho, quer dizer, Branco, é mesmo da Terra Arrasada, ainda mais porque existe um abismo forte entre um Czar Russo do século XIX e o Governante daquela Armação (sem piada de duplo sentido, por favor). O fato é que essa tal Política buscava mais a derrota do inimigo do que o bem da população, posto que arrasava-se a própria cidade para acabar com os franceses. É fato que alguns Governos da Região dos Lagos vêm se preocupando mais em arrasar os Cofres e o Funcionalismo Público para derrotar suas oposições do que em ajudar a população (que o digam Maria Joaquina, Rasa, Preto Forro, Segundo Distrito e cia., de um lado, e as portarias, royalties e etc. do outro).
O fato do exército russo ser baseado no Império Czar também gera reflexões. A sucessão familiar é mais importante nessa política do que a vida da população. Como o que nasce da carne é carne, e o que nasce do espírito é espírito - ainda que seja espírito de porco - é interessante notar que Búzios e Cabo Frio, quando da eleição de seus Governos, participaram de um projeto de sucessão imperial, do grande Czar Alair I – O cabeludo. Tanto Toninho Amarelo, quer dizer, Branco, quanto Marquinho subiram ao poder como continuadores do Reino do Implante e, embora hoje tenham se dividido em diferentes Casas Reais, não há como negar que ambos vêm do mesmo Império.
Outro aspecto interessante é o frio como tática de Guerra. Também o Império Regional da Peruca – agora em parceria com a Academia Cabofriense de Letras – vêm seguindo essa tática há algum tempo: Em Mandatos anteriores congelavam-se políticas sociais para a periferia e transparência na prestação de contas e informações; nos Mandatos atuais, congelam-se salários e mantêm-se o congelamento da transparência; enfim, o Império Regional da Franjinha sempre congela algo, especialmente Políticas Públicas para Juventude e o Projeto de uma Universidade Pública decente no eixo Cabo Frio – Búzios.
Dessa forma, aplausos ao nosso piadista de esquerda (da sala), e que a Política da Terra Arrasada seja banida de nossa Região neste ano de eleições. Mas para isso, é preciso que entendamos a piada, para rir dela. Senão o frio do Império Czar nos derrotará.
Temos acompanhado no noticiário internacional, todos os dias, um fenômeno sócio-religioso que, com certeza, marcará nosso período histórico: A mobilização de Monges Budistas no Tibet em favor da libertação de seu País. Há alguns anos, o Tibet tornou-se uma possessão chinesa, o que levou o Dalai-Lama a exilar-se na Índia. Diante da opressão da China, Monges Budistas tibetanos de diversas localidades foram às ruas protestar e inclusive participar de conflitos corporais. Os até então silenciosos e passivos Monges revolucionam suas atitudes em prol da libertação de seu povo, surpreendendo as autoridades chinesas, a mídia internacional e os analistas sociais e comportamentais.
Nossa realidade próxima não é diferente. Como o Tibet, Tamoios é um território sob o domínio do 1o Distrito. Há uma grande mobilização para não perdê-lo, mas quase nenhuma mobilização para valorizá-lo. Como já apresentado em artigo anterior, o Banco do Brasil funciona num Trailler, o asfaltamento de ruas é realizado sem infra-estrutura e estudo de solo, aumentando os prejuízos oriundos de enchentes. O Secretário de Saúde de Cabo Frio afirmou em entrevista à TV que o Segundo Distrito e o Jardim Peró são os grandes focos do mosquito da dengue no Município. Será que o acúmulo de água da chuva em torno da Cisterna Comunitária, próxima ao Colégio Marli Capp, tem a ver com isso ??
Mas os tempos estão mudando. Os moradores de Tamoios, até então semelhantes a Monges Budistas passivos e observadores, começam a mudar seu comportamento. Começam a partir para a ação. No dia 28 de março, vários moradores desabrigados por causa das chuvas mobilizaram-se nas ruas voluntariamente, em protesto. No sábado passado, moradores do Bairro do Chavão realizaram manifestação contra a passagem de caminhões em áreas de preservação ambiental.
Os antigos Monges Budistas de Tamoios estão se convertendo. Eles decidiram a eleição municipal passada, em favor do candidato do Governo, embora o mesmo Governo nada tivesse feito por eles. Agora chegou o momento da revolta: Eles começam a deixar seus mosteiros alagados pelas enchentes. Eles começam a conciliar suas orações com seus protestos. Eles passam a unir a contemplação da natureza com a defesa da natureza: Da natureza humana.
Os locais geograficamente abandonados na História do Brasil sempre geram focos de Revolução. Assim foi no Araguaia com a Guerrilha, no Sertão Baiano de Antônio Conselheiro, nos Quilombos, e assim está sendo nas Favelas Cariocas.
Já começou a Revolução dos Monges Budistas de Tamoios. Talvez eles não consigam libertar seu Tibet. Mas eles querem mostrar que o tempo da passividade e da resignação acabou. Cabe a nós decidirmos: De que lado ficar? A favor dos Monges ou contra eles?
Faça sua escolha. E salve Siddhartha Gautama.
A minissérie “Queridos Amigos”, de Maria Adelaide Amaral, deixou as telas da TV brasileira na semana retrasada, como uma das poucas boas produções da Rede Globo nos últimos tempos. A abordagem da Ditadura Militar e seus traumas, locadas no ano de 1989, formaram um interessante paralelo com um novo estilo de moralidade nascida no pós-68, trabalhando ainda com a questão psicológica do conceito de amizade.
Ocorre que uma única crítica rondou os detestáveis programas-fofocas de TV: Uma cena na qual a maquiagem do personagem Benny, interpretado por Guilherme Weber, mostrava-se como mal feita, já que as lágrimas do personagem destruiam-na.
No fim-de-semana passado eu pude ver a maquiagem do Benny. Não no Jardim Botânico ou no PROJAC, mas em Unamar. A enchente e as poças d’água formadas pelas chuvas eram evidentes, e boas fotos tiramos para comprovar, junto aos alunos do valente Grêmio da Escola Marli Capp. Segundo os moradores com os quais conversei, a tendência era que as regiões mais distantes da Rodovia tivessem alagamentos mais drásticos, posto que o terreno daquela região vai abaixando em direção ao interior, e subindo na direção da Rodovia.
Outro relato surpreendente de moradores foi a afirmativa de que depois dos asfaltamentos ocorridos na última eleição, as enchentes pioraram. Deveria ser o contrário, mas não foi o que ocorreu. Provavelmente, quem asfaltou diversas ruas trabalhou apenas com uma estruturação externa, sem um trabalho de saneamento, drenagem e escoamento anterior, bem como estudo de nível e condição de solo. Mais ou menos como a maquiagem do Benny.
E bem ali, perto da rodovia, está a sala inativa para funcionamento do Banco do Brasil, já que esta instituição hoje funcina num trailer.